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A casa Heuser em Santa Cruz

[artigo de Carlos A. Heuser]

Neste postagem, coleciono alguns fatos sobre a casa em que me criei. Ela situa-se na esquina da ruas Marechal Deodoro e 28 de Setembro, na área central de Santa Cruz do Sul. Entre 1920 e 2010, foi a residência de várias gerações da família Heuser.

Esta fotografia provavelmente é dos anos 1920-30, quando a rua ainda não era calçada
Fotografia do final da década de 1950, após a última grande reforma

Histórico

Eu um mapa de Santa Cruz feito em 1870, o terreno em que foi construída a casa é o de número 16 da Quadra Y, na esquinas das ruas Taquarimbó e de Santa Cruz, antigas denominações das ruas Marechal Deodoro e 28 de Setembro. Sobre o terreno aparece uma construção, provavelmente precursora da Casa Heuser, que somente foi construída em 1915

Mapa de Santa Cruz em 1870 – O terreno da casa é o de número 16 da Quadra Y, na esquinas das ruas Taquarimbó e de Santa Cruz, antigas denominações das ruas Marechal Deodoro e 28 de Setembro. Sobre o terreno está marcada uma construção, sobre a qual provavelmente a casa Heuser foi construída.

Segundo um Cadastro de Chácaras e Terrenos da Povoação de Santa Cruz (Códice 393 do AHRS), em 1875 o proprietário do terreno seria um Henrique Wagner.

Registro do terreno de 1875

SUm inventário de patrimônio arquitetônico de Santa Cruz, realizado por uma equipe da UNISC em 2003 (vide bibliografia no final da postagem), estima que a casa teria sido construída em 1915 por Antônio José Schmidt.

Detalhe do interior

Ao redor de 1920, a casa e o terreno foram comprados por meu avô, Alfredo Heuser, para servir de residência para sua família. Daquela data em diante, até 1933, residiram na casa Alfredo Heuser, sua esposa, Adelina Barth Heuser, e os filhos, Carlos Henrique e Marga Heuser.

Em 1933, por dificuldades financeiras, ocorreu a dissolução da firma Heuser & Irmão, da qual Alfredo Heuser era sócio. Também por esta época, ele se separou da esposa Adelina, e mudou-se para São Paulo.

Naquela ocasião, para manter a residência de Adelina e dos filhos, a família Barth, dos pais e irmãos de Adelina, comprou a casa, que ficou no nome de minha tia-avó, Emma Barth Diemer, irmã mais velha de Adelina e viúva na época. Emma Diemer viveu na casa até seu falecimento em 1958.

Em 1942, a casa passou para meu pai, Carlos Henrique Heuser, para servir de residência da família que estava constituindo. Minha mãe, Trudi Heuser, lá morou desde seu casamento em 1944, até 2010, por 66 anos, portanto.

Também o genearca dos Barth, Karl Franz Barth, residiu na casa nos seus últimos anos de vida.

Em 2010, a casa foi vendida, tendo hoje uso comercial. A casa foi restaurada, tendo sua fachada sido preservado. A parte interna foi modificada. A estrutura interna original era quase toda em madeira e estuque e estava comprometida.

Aspectos arquitetônicos

[este texto foi transcrito da publicação de 2003 abaixo referenciada – lá a casa é chamada de residência Schmidt, com referência ao seu construtor]

A situação do imóvel no terreno, marcando a esquina das ruas Marechal Deorodo e 28 de Setembro, forma um pátio ou jardim em “L”em volta de toda casa. Algumas informações sugerem que esta residência foi construída sobre uma casa já anteriormente existente, de forma que o pavimento térreo adquiriu a conformação de um porão alto da casa atual, onde acontece o acesso pela Rua Marechal Deodoro. Além dessa entrada, a casa também tem dois acessos internos pelo jardim: um secundário que liga diretamente ao pavimento térreo e outro principal ligando ao segundo pavimento da residência e marcado pelo uso da escadaria com frente para a rua 28 de setembro.

A residência passou por uma série de reformas, apresentando atualmente (2003) três pavimentos, onde o primeiro andar possui espaços destinados ao hall de entrada, salas, cozinha, depósitos e área de serviço; o segundo pavimento para sala de estar, banheiro e dormitórios; e o terceiro pavimento para dormitórios. A circulação horizontal e vertical da casa acontece através de um eixo central, onde uma escada estrategicamente posicionada, permite deslocamentos e acessos para os principais espaços internos nos seus diferentes níveis.

A composição externa da casa, marcada por dois eixos de simetria, agrega diferentes elementos de ecletismo, como as pilastras que marcam o acesso pela Rua Marechal de Deodoro ou o emprego de modenatura, As esquadrias apresentam arco abatido com a utilização de tampos externos para fechamento. Na cobertura, o telhado é formado por duas águas e telhas francesas, destacando-se a composição do contorno criada pela platibanda e oitão lateral.

Bibliografia

Inventário do Patrimônio Arquitetônico – Área central urbana de Santa Cruz do Sul, UNISC, Santa Cruz do Sul, 2003

Visão parcial do jardim da casa, antes da venda em 2010