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Carlos Barth Jr. e “A Brasileira”

Texto transcrito por Zelce Mosquer da fonte: Uma viagem pelo Rio Grande do Sul, vol 3, pág 173-175, de Alfredo Ludwig (Composto e Impresso na Tipografia do Centro S.A., Porto Alegre, 1943)


Carlos Barth Jr e irmã Adelina

Ao completar o seu 28º aniversário (1915 -1943), a “Brasileira” de Carlos Barth Jr. e Filhos, poude dizer o seguinte em seus reclames inteligentemente confecionados: A Brasileira, o grande baratilho de fazendas, a casa mais querida e popular de Pôrto Alegre, vai, em abril, festejar o seu 28º aniversário, brindando a sua grande de numerosa freguesia, que é, hoje, quasi a totalidade da população da cidade e seus arredores, com preços que vão ser muito falados e comentados em tôdas as rodas. E, realmente, bem o merecem, pois podem provar possuirem na capital milhares e milhares de sinceros freguêses que nestes longos 28 anos, nas bôas e nas más épocas, numca abandonaram a casa onde sempre foram bem atendidos servidos com tôda seriedade. Uma modesta lojinha de arrabalde evoluindo até ser A Brasileira hoje, sem exagero, uma das primeiras e maiores casas comerciais do centro da cidade.

Carlos Barth (sênior)

Carlos Barth Jr. é filho de Carlos Barth, do velho Barth,daquele velhinho de 94 anos – quasi um século – que, em Santa Cruz onde reside, faz tôdas as tardes os seus passeios, visitando uns, conversando com outros, dando largas asas à sua proverbial veia humorística. E todos o querem, todos lhe têm amizade. Ainda, há alguns anos, procurou-o uma grande comissão de Rioi Pardinho, logar onde ele mourejou quase oitenta anos, para levá-lo à festa do “Club de atiradores” que comemorava 60 anos de existência, e do qual é o único sócio-fundador sobrevivente.

O velho Barth tem numerosa próle, tôda educada em bons colégios. Êle sempre dizia: a melhor herança que se pode dar aos filhos é uma bôa educação. E assim procedeu.

Carlos Barth Jr de quem a presente narrativa se vai ocupar, nasceu em em Rio Pardinho, em 1887. Depois de terminado o curso colegial, empregou-se no comércio, ganhando, nos primeiros seis meses, sómente – nada, depois o “nada” transformou-se em 10$000 por mês, com “cama e boia.” Depois de três anos, com a idade de 18 anos, veio para Pôrto Alegre colocar-se na firma de H.D. Maier, naquela época o maior empório de fazendas.

Já seu ordenado era de 100$000 mensal, mas “sêco”. Sua atividade, porém, sua concentração ao trabalho e sua alta compreensão da responsabilidade, grangearam-lhe a simpatia do “patrão”, subindo êle, em consequência, cada vez mais na hierarquia comercial, alcançando o invejável posto de caixeiro-viajante da casa. Também de finanças foi melhorando – os cem cruzeiros iniciais se transformaram em 150,180,200,250, etc., etc.

Na casa H.D. Maier, permaneceu sete anos.

Aos 25 anos poude, finalmente, realizar seu sonho dourado: casar e abrir casa comercial própria.

Com o capital de mil e trezentos cruzeiros – economias próprias – e algum crédito para mais, comprou pequeno armazem na Av Eduardo, e de tal forma foi feliz que em um ano pagou as dívidas contraídas. Vendeu o armazem.

Em 1915 estabeleceu-se com pequena loja de fazendas, à rua S.Pedro, esquina Minas Gerais, dando-lhe o nome altamente sugestivo A Brasileira.

Em 1916 transferiu a mesma loja para a Avenida Eduardo, em ponto já maior, e, em 1923, fez uma viagem à Europa, a- fim de visitar as grandes zonas manufatureiras, conhecer novos sistemas e fórmas de comércio e de propaganda.

Na volta imprimiu nova organização à sua casa, que já era uma das mais procuradas de Pôrto Alegre, e mudou-se para ponto central, onde, ainda hoje se acha, à rua Uruguai.

São seus auxiliares e sócios, há 2 anos, seus filhos Egon e Harry, nascidos em Pôrto Alegre, em, respecitvamente, (1913 e 1914), ambos com o curso do Ginásio Anchieta. Egon é o chefe de escritório e Harry o chefe de vendas.

Quem conheceu o início de Carlos Barth Jr.,com o capital de Cr$1.300,00, e vê, hoje, esse colosso que se chama A Brasileira, cujas pilhas e pilhas de fazendas e artigos prontos de todos os tipos e preços, abarrotam o vasto armazem até o teto, representando, no mínimo, uma existência acima de dois milhões de Cruzeiros, funcionando como uma colmeia, pois o entrar e sair de clientes é ininterrupto, pode compreender a preferência do público.