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Recordações de Alice Heuser sobre seus ancestrais

Este documento é um breve relato de autoria de Alice Heuser Ertel contendo suas recordações de seus ancestrais das famílias Heuser e Textor.

Tia Alice era minha tia-avó, irmã de meu avô Alfredo. Ela foi a genealogista da família. Uma pequena árvore genealógica que ela montou com os descendentes do casal de imigrantes Heuser (Heinrich Carl Heuser e Maria Katherina Bartz) foi a primeira fonte que obtive para começar minhas pesquisas que resultaram neste site.

Eu tenho duas versões das recordações, uma manuscrita, cuja imagem é mostrada abaixo e outra datilografada. A curiosidade é que o conteúdo das duas versões difere em alguns pontos. Usei o texto da versão datilografada que me pareceu mais precisa.

Para facilitar a leitura, inseri algumas observações em itálico e entre colchetes. Também inseri links para as pessoas mencionadas na árvore genealógica correspondente.

A partir deste ponto, inicia o relato propriamente dito.

Carlos A Heuser, fevereiro de 2021

Porto Alegre, 30 de março de 1969.

[Os Heuser]

Meu avô [Heinrich Carl Heuser] era um homem alto, olhos castanhos usava barba. Minha Vovó (“Grossmutter”) [Maria Katherina Bartz] era fininha, com cabelos espessos, bem louros e olhos azul celeste, que eu ainda me lembro (a Minchem Berends Schütz [Wilhelmine Christine Pauline Behrends] tem este azul de olhos – é mãe do comandante Schütz da Varig). Minchen, Emil [Emílio Heuser] e eu somos os únicos netos vivos de Heinrich Carl Heuser (1970).

Em 1913, em viagem de núpcias, quando estive com Max [Max Ertel] em Enkirch, ainda visitamos os túmulos de meus bisavós. Mas, depois da guerra, [quando lá estivemos] com Marieta [Marieta Ana Frantz], uma bomba havia destruído todo cemitério, também a velha casa da Família Heuser. Eles eram vinicultores e emigraram depois de um ano de má colheita, acreditando que encontrariam vida melhor na nova terra. Não existia mais ninguém com o nome Heuser em Enkirch, só na cidade de Traben-Trarbach.

[Os Textor]

Pelos contos de meu velho amigo, tio Emílio Textor “da Serra”, irmão mais velho da vovó Schwerin Thompson [Clara Textor] e que vinha de Soledade em visita a seu filho Ricardo [Ricardo Textor], guardei lindas recordações. Ele vinha me visitar quando eu trabalhava na arca que hoje está em casa da Nina. Eu tinha 19 anos e estava noiva. Me contou do “Gut Schönwalde” e sabia muitas poesias em “Pommerschplatt” [dialeto Pomerano]. O pai [Adolf Friedrich Textor] era “Förster” [silvicultor], mas quais as razões da imigração não se conhece. Aqui, na Chácara das Bananeiras, o Governo mantinha uma criação de ovelhas e de lá minha vovó Clara [Clara Textor] tinha suas lembranças mais felizes da infância. Brincava no Morro da Polícia [para um relato mais detalhado sobre a chácara administrada por Adolf Textor vide este post].

Tenho um álbum de poesias de minha madrinha Malvine Textor Bartholomay, da época em que ela estava em uma pensão em Stettin, em 1828 [deve ser 1848, pois Malvine nasceu em 1845], de Wilhelmine Johann Textor. A primeira inscrição feita no Brasil data de 12 de julho de 1854. Depois não tem nenhuma inscrição.
[no texto manuscrito abaixo, este parágrafo tem uma redação um pouco diferente]
[este parágrafo indica que possivelmente os Textor tenham residido em Stettin antes de vir ao Brasil]

Relato no original